Dia do Leitor: boardgame é uma forma de literatura?

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Sempre fui um consumidor de livros, principalmente os de sci fi. Desde que me entendo por gente, a casa dos meus pais  sempre teve livros nas estantes.

Livros de Perry Rhodan, Isaac Asimov, Erich Von Daniken, entre outras coisas relacionadas a ufologia. Meu pai era viciado no tema, a ponto de me levar a congressos sobre OVNI.

Não tinha um filme de ficção científica que não tivesse visto nos anos 80 e 90. Me lembro do meu primeiro jogo de tabuleiro chamado Solaris. Meu primeiro cartucho de video game chamado Ovni da Philips Odyssey. Meu primeiro filme no cinema foi Tron.

 

Então se na sua casa existe livros e existe um hábito de leitura independente do tema, é normal que os filhos se espelhem nos pais leitores. Então eu sempre estou lendo algo.

E quando surgiu essa volta dos jogos de tabuleiro me deparei com um novo mundo que exigia um novo tipo de leitura e raciocínio.

 

A começar pela leitura do manual do jogo,  um tipo de linguagem totalmente nova pra mim em 2013. Não é uma leitura habitual onde tem uma história com começo meio e fim. Você está tentando entender como um jogo funciona.
 
Confesso que fico impressionado com  alguns amigos que com uma leitura simples no manual já coloca o boardgame na mesa e estão jogando.

Eu tinha  uma dificuldade extrema de interpretar manuais, por mais simples que fosse o jogo, se não tivesse um gameplay as coisas complicavam.

 
Mas com o tempo entendendo como as diversas mecânicas funcionam essa linguagem de manuais de jogos foi ficando mais acessível.
 
Mas é uma dificuldade universal:  quem nunca colocou um boardgame na mesa e jogou com regras erradas que atire o primeiro meeple. O que dizer dos manuais ruins? O do Robinson Crusoe foi o meu maior pesadelo.

Mas a leitura não termina nos manuais, alguns jogos prezam muita pela literatura,  contam uma história com começo meio e fim a exemplo do jogo Twilight Struggle sobre a história da guerra fria.

 
E mesmo que não tenha uma história, alguns jogos te obrigam a ativar a imaginação como Modern Art onde você  é um leiloeiro improvisando a história de um quadro a ser leiloado.
 
Aqui só se joga Modern Art interpretando com convicção um leiloeiro, sem isso o jogo perde 80% da diversão.
 
(The Grizzled)
 
 

Que tal escolher entre o bem ou o mal  em Above and Below,  um mundo fantástico com múltiplos caminhos e histórias dentro de cavernas.

E o que dizer do jogo The Grizzled,  um dos jogos mais imersivos que já joguei, me fez sentir as dificuldades de se manter vivo e lúcido em uma guerra.

Esse mundo de jogos de tabuleiro é sim uma ramificação da literatura, quando compramos um boardgame estamos comprando uma forma de contar uma história.

E escrevi esse texto para lembrar que hoje é o Dia do Leitor, parabéns a todos nós que lemos manuais, cartas, improvisamos histórias, interpretamos personagens em meio a mecânicas com miniaturas, cartas, cubinhos, meeples de madeira e plástico.

Com certeza se meu pai estivesse vivo (faleceu em 2003)  estaria em êxtase com essa volta dos jogos de tabuleiros modernos.  Seria um prazer jogar com ele e ler em voz alta cada carta de tecnologia do jogo Terraforming Mars.

 
 

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